Quem
acredita que a “vida real” é APENAS aquela que acontece fora do computador
perdeu a noção de realidade!!! Quem entende que uma rede social como o Facebook
é APENAS um painel de compartilhamento de fofurices não saiu do mundo infantil.
A internet transformou todos os conceitos que existiam antes de sua chegada. Eu
disse todos. Nossas relações afetivas, econômicas, culturais, geográficas,
linguísticas, psicológicas, extratosféricas, todas foram redimensionadas a
partir da internet. E quanto mais ela cresce mais transformações somos
obrigados a fazer. OBRIGADOS.
A
internet não é somente um novo meio de comunicação, tipo um telefone expandido.
Ela é um novo meio de comunicação que modificou nossa percepção da realidade.
Para
quem insiste que a internet não é vida real e que a vida propriamente dita é a
que acontece na rua, exclusivamente, vamos a exemplos.
1. A mocinha
tunisiana, Amina, expôs os seios no seu perfil de facebook, não na rua, nem
numa mesquita, nem na festinha de aniversário do primo; apenas no facebook. No
momento está foragida, escondida para não ser morta, e por morta quero dizer a
perda das funções vitais do seu corpo físico e não a perda do seu perfil no
facebook (isso já fizeram os hackers que se sentiram agredidos por suas fotos);
2. A partir desse
evento, ao invés de discutir o assuntos com minhas amigas na balada de sábado,
eu passei a discutir o assunto diretamente, a qualquer momento, com pessoas de todo o mundo: pude refletir
sobre argumentos de mulheres e homens muçulmanos contrários a atitude da
mocinha, que conversaram comigo, assim como dialogar com pessoas em outras
línguas (árabe, basco, italiano, francês e inglês) sobre nossas semelhanças.
Ampliei meu espectro de compartilhamento de reflexões do meu bairro pro mundo
todo!!! Fui chamada de irmã por uma mulher que nem conheço, que usa véus, fala
em árabe mas que traz no seu coração algo muito semelhante ao que trago no meu.
Somos a Humanidade;
3. A escolha do
deputado Feliciano para a CDHM antes da internet teria sido uma noticia de
jornal. Em casa ficaríamos revoltados com o absurdo, reclamaríamos nas rodas de
amigos ou no trabalho. Qualquer movimentação conjunta de protesto dependeria da
liderança de uma Ong, um diretório universitário ou um sindicato de qualquer
coisa. Decidida a passeata a divulgação seria feita por folhetos impressos a
serem distribuídos pessoa a pessoa, e obviamente só meia dúzia ficaria sabendo
do evento e muitos dias depois. Pela internet a informação chega na mesma hora
em que acontece e em dois dias uma passeata para 2 mil pessoas estava montada
em São Paulo e outras tantas em várias capitais. Essas passeatas deram força popular para que
deputados (nossos representantes) gerassem uma frente parlamentar que sem o
respaldo social seria uma piada. Essa movimentação pela rede social tornou o
assunto internacional trazendo o apoio tanto de entidades ligadas ao tema
quanto de cidadãos de outras nacionalidades, brasileiros residentes em outros
países e etc. Teve resultado político? Alguns vão dizer que não porque o tal
deputado eleito continua no cargo, mas essa visão é imediatista. O resultado é
assustador, pois a manutenção do cidadão no cargo tornou-se uma afronta contra
a vontade popular, ou seja, anti-democrática, e também ajustou a saia vermelha da
Presidência da República; além disso mostrou para o cidadão como é fácil e
proveitoso reinvindicar algum direito que antes parecia tão trabalhoso e que,
aos poucos, vai ser comum em nossas vidas;
4. Outro caso marcante
foi o movimento em prol da proteção dos índios Guarani-Kaiowás. Índios são
mortos e exterminados a pelo menos 500 anos. Todos os governos até então
fizeram muito pouco, ou nada, para modificar esse quadro de extermínio. Por
causa da internet, os próprios índios tornaram sua causa internacional e
passaram a conseguir algum apoio de ONGs especializadas e estrangeiras. No
evento em que alguns poucos índios ficaram isolados e ameaçados de morte em
defesa de sua terra, uma explosão de manifestações tomou conta do facebook.
Nesse caso a passeata de rua nem teve a mesma importância do que a manifestação
online pelas próprias características do evento. O mundo olhou para aquele
pequeno alqueire de terra e prestou atenção ao que estava acontecendo ali. O
mundo se questionou sobre qual é a relação entre o índio e a civilização atual,
pois as informações dos livros de historia estavam desatualizadas. O Brasil
pode conhecer em que condições os proprietários de terra vem crescendo seu patrimônio;
descobrimos de quem são as terras do Brasil e o quanto dezenas de deputados vem
investindo nessas terras colaborando para esse extermínio;
5. Através da internet
passamos a ter acesso (ou a possibilidade de) a todas as informações que antes
ficavam escondidas do conhecimento público: quanto ganham e o que ganham nossos
deputados, como é distribuída a renda do país, enfim todo o esquema que
sustenta a sociedade de consumo, a política econômica e social, falcatruas,
mensalões, subornos de políticos e juízes,
etc, etc, etc, todas essas informações são distribuídas como rastilho de
pólvora entre cidadãos. Tornamo-nos jornalistas (assim como nos tornamos
cantores, modelos, atores, produtores musicais, advogados, políticos...);
6. Pelas redes sociais
temos servido eficazmente para encontrar pessoas desaparecidas, animais
desaparecidos, encontrar criminosos de vários tipos, a ponto de que todos os
sistemas de investigação e policiamento já estarem presentes e atuantes nas
redes. Se antes podíamos ler o caso do rapaz que saiu de casa para ir ao cursinho
e desapareceu, nos jornais e lamentarmos em casa, hoje colaboramos na procura
e, como nesse caso que terminou com o falecimento do menino, pudemos ir
diretamente dar nossos pêsames à família. O irmão do rapaz (assim como tantos
outros casos) deu um belíssimo depoimento no seu perfil de facebook dizendo o
quanto estava sofrendo com a perda do seu irmão, mas o quanto a presença de
tantos desconhecidos tinha sido reconfortante para sua dor: “perdi um pedaço de
mim, mas ganhei muito amigos”.
Poderia lista
centenas de fatos que vem acontecendo desde em proporções tão particulares como
em extensões políticas como greves gerais ou rebeliões civis em outros países.
E para citar talvez
o mais significativo exemplo do quanto a internet É A VIDA REAL, hoje se sabe
que acontece (há décadas) uma guerra fria entre países, de proporções
catastróficas. Se vivemos o século passado sob a ameaça das bombas atômicas,
hoje elas estão obsoletas; a indústria bélica é menos uma necessidade bélica e
mais um sistema econômico. A guerra mesmo, com alcances sem precedentes, é pela
internet. Os principais países do mundo estão investindo trilhões no
desenvolvimento de tecnologias de proteção e ataque informatizado. O poder de
entrar em todo sistema informatizado de um país inimigo possibilita o
desligamento (por exemplo) de equipamentos de vários setores que colocariam um
pais num caos autodestrutivo. Toda nossa vida real está associada a maquinas, a
softwares, que se hackeados conseguem causar autodestruição em minutos, sem
afetar o país vizinho. É só refletir sobre tudo que está associado à
tecnologia, a começar pela eletricidade!!! Os prejuízos financeiros e físicos são
inestimáveis.
Pierre Levy há 20
anos demonstrou a importância e alcance da internet nos mostrando que a
revolução provocada por esse evento não tem precedentes na historia humana e
nem retorno. Contudo, mostrou também que é a internet que traz para a humanidade
a possibilidade de conhecer a REAL democracia. A internet vai eliminando
representantes e intermediários. Hoje não precisamos de sindicatos para
promover passeatas, não precisamos de jornais para receber informações e aos
poucos iremos eliminar outras mediações podendo expressar nossas opiniões
diretamente como prevê a democracia. Levy imagina um momento em que possamos
votar leis diretamente prescindindo do poder legislativo e gerando uma gestão
mais participativa da comunidade toda. Eliminaremos empregos que podem ser substituídos
por softwares e teremos mais tempo para passear nos parques sem precisar
cumprir jornadas tão extensas de trabalho. O teórico entende que o
desenvolvimento tecnológico não causa dependência, mas liberdade (que causa a dependência
e escravidão é a ambição); a distribuição democrática da informação e do poder
de decisão vai tornar nossa organização social mais igualitária e libertária. E
mesmo que os donos do mundo, donos do poder atual não queiram e resistam
fortemente como estão fazendo, a velocidade com que a informação está
circulando e modificando mentes e comportamentos, está fora do controle de
qualquer estrutura. Estamos pensando e agindo cada vez mais democraticamente,
com uma visão globalizada e humana do mundo. Não tem volta.
Muito boa tua observação. Nesses exemplos citados e até em outros corriqueiros é notória a transformação da sociedade e de fatos por conta da divulgação da informação e debate de opiniões. A transição de Era se dá gradualmente por conta da transformação da sociedade. Atualmente nossa polícia intensifica sua participação em redes sociais, identificando assim suspeitos e antecipando o crime, como também psicopatas se inspiram e trocam informações sobre atentados.
ResponderExcluirÉ inegável o papel fundamental que hoje a internet exerce na sociedade mundial.