Parece
que não tem jeito, somos assim movidos a mártires, só o sofrimento nos
desperta. Acostumamo-nos à crucificação, ao castigo. E não que o castigo nos
ensine alguma coisa, não; aprendemos a suportá-lo porque acreditamos que somos
merecedores e incapazes de mudar. Quando fomos expulsos do paraíso,
envergonhados com nosso pecado e castigados, entendemos que ficaríamos para
sempre nesses castigos. Para sempre as mulheres hão de menstruar, para sempre
os homens hão de trabalhar. Não nos deram uma segunda chance a não ser, após
muito sofrimento, tentar voltar, resgatar o merecimento.
Acostumamo-nos
a controlar nossas ações a partir de multas e condenações, o que não é uma
correção. Mas sabemos que depois de um castigo, virá outro, e outro, e assim,
muitos de nós, não controlam mais nada, pois o castigo nem faz mais diferença.
Ser castigado não evita o crime. Nunca evitou. Nossos pais originais foram
avisados das conseqüências de certas ações e mesmo assim optaram por realizar seus desejos e enfrentar essas conseqüências. Como um homem que deseja uma
criança e a pega pra si sem se preocupar com a conseqüência? E assim seguimos todos os dias.
Então
algumas almas/anjos, em corpos inocentes, se prestam ao serviço de nos mostrar
o que estamos fazendo. Há quem diga que as vítimas dos crimes com suas dívidas
pendentes se dispõem ao sofrimento, mas a matemática do Universo usa infinitas
variáveis; inclusive os criminosos são vítimas dessa ausência de visão
coletiva.
Será
que tudo deve ser assim mesmo? As regras foram estabelecidas, e a nós cabe
apenas cumpri-las?
Não
acredito nisso. Não acredito nas regras. Acredito no Humano. Acredito na nossa
infinita capacidade (das variáveis infinitas dentro de nós) de transformação.
Acredito que estamos adormecidos e somos gigantes. Acredito que a vida é constituída
pela dor, mas não pelo sofrimento e que nossas ações não tem nada a ver com
culpa nem vergonha. Não acredito no castigo de nenhuma espécie. Não acredito
que nossos pais originais erraram. Eles escolheram. Escolheram discernir para
reconquistar o entendimento. O que nossos pais nos deram não foi uma herança de
castigos, mas de oportunidades. A Consciência Suprema não disse: NÃO FAÇA!! Mas
disse: FAÇA ASSIM E ACONTECERÁ ASSADO. E o “assado” não é castigo porque o “assim”
não foi pecado. A Consciência Suprema apenas nos diz, a todo instante, que
somos responsáveis por nossas ações e que devemos entendê-la como uma única
ação contínua, sem causa ou efeito, mas conseqüente e interligada a todo
Universo.
Enquanto
ficarmos entendendo tudo, desde a Primeira Ação, até cada ação desse instante,
como crimes e castigos, causas e efeitos, erros e concertos, estaremos assim: Sísifos.
Se
estamos errando em algo é no entendimento do ato original, no entendimento de
cada ato, no entendimento de nós mesmos, no entendimento do Universo. Temos que
desintender todas essas regras, todas essas culpas e esvaziar nossa mochila,
torná-la leve.
As
ações serão sempre as mesmas: ficaremos menstruados, trabalharemos, morreremos,
suaremos e cagaremos (pelo menos por enquanto). Então rolaremos sim a pedra
morro acima e ela cairá do outro lado onde vamos buscá-la para rolar novamente.
Tanto faz se rolamos pedras ou comemos capim. Nosso sentido não está preso à
ação, não depende dela, mas está integrada nela.
A
maça foi comida e é diariamente por mim e por vc. A diferença está o que faço
disso. Eu como digiro e cago. Mas vc se culpa e se envergonha disso.
(agora a notícia que inspirou o texto)
Desenvolvimento a qualquer custo?? Se derrubar árvore, alagar florestas e expulsar índio não eram motivos para evitar esse Monte Horrível, será que o impacto social também vai ser desprezado? O antigo problema da prostituição infantil do Pará está aumentando descaradamente, a criminalidade e o aumento dos preços de imóveis da região que já é pobre. Como sempre só depois de muita desgraça e almas que se dispõem como mártires da nossa história é que tem chance de algo acontecer........ eita mundinho SEM PORTEIRA!!!
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