sábado, 21 de abril de 2012

TEATRO DE DIRETORES - Parateatro n.5



Acabou. Embora continue, acabou. O Diretor de Teatro tem uma única função agora: fazer transparecer nossa incapacidade de auto-gestão; deixar absolutamente explícita nossa incompetência para a liberdade criativa. O Diretor de Teatro só serve pra mostrar que não somos Atores. Não existe outra função para o Diretor de Teatro.

A idéia enganosa de que o Diretor de Teatro é um agente criativo, um artista mesmo, só é cabível nessa Zona Autômata Interminável em que o Teatro está mergulhado. Como ficamos excitados com o surgimento do encenador/salvador do teatro que reascendeu a função metafórica da arte cênica no século mais que passado. Mas que engodo! Que ilusão tivemos. Com os Diretores de Teatro apenas conseguimos perpetuar nossas necessidades de hierarquias e disputas de poder. E com isso perdemos o Teatro, nos perdemos dele afogando o Ator nas instituições.

A Arte Teatral não é a arte do Diretor de Teatro, é a Arte do Ator e por isso o Diretor de Teatro deveria servir a essa Arte e não tentar manipulá-la, disputá-la sagazmente.

A falácia que existe nos chamados Processos Colaborativos é representativa de tal manipulação. Há quem queira relacionar os Processos Colaborativos da moda com as antigas criações coletivas, hippies. Não há nada de coletivo nesses colaborativos e nada de criativo nesses processos.  Há apenas um desrespeito infindável contra o Arquétipo da Criatividade. As Criações Coletivas dos engraçados anos 60/70 ainda desconheciam, ou queriam desconhecer, os verdadeiros fundamentos autoritários da Democracia.

Os Processos Colaborativos reproduzem os mentirosos mecanismos democráticos em que vivemos e então nosso teatro não colabora em nada para trilharmos os caminhos sinceramente libertários. O ator que se submete aos Processos Colaborativos, hoje premiáveis e cooperativáveis, não se sabe como Ator. É dessa ignorância que está sobrevivendo uma perigosa máquina cultural.

Mais perigosos dos que detêm o poder do Estado são os que detêm o poder dos meios culturais, já dizia Artaud. Chamamos de “vanguarda” hoje as produções teatrais do Anti-Teatro. É melhor assim, pois a eles cabem os rótulos.

Admirável é o Diretor de Teatro que se coloca como um Tirano, chicoteando seus atores para correrem atrás de “marcas” e desmoralizando suas esteriotipias que eles acreditam serem artísticas, pois está realmente realizando seu papel, de vampiro do caos alheio. Aplaudível é o Diretor de Teatro que recusa a participação criativa daqueles inertes, ditos atores, que se submetem à miséria humana coreografada. Presta serviço à Humanidade o Diretor de Teatro que não se finge generoso, qualidade do Ator, pois reconhece sua função: revelar que até no teatro estamos ignorantes da nossa Missão.




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