Acabou.
Embora continue, acabou. O Diretor de Teatro tem uma única função agora: fazer
transparecer nossa incapacidade de auto-gestão; deixar absolutamente explícita
nossa incompetência para a liberdade criativa. O Diretor de Teatro só serve pra
mostrar que não somos Atores. Não existe outra função para o Diretor de Teatro.
A
idéia enganosa de que o Diretor de Teatro é um agente criativo, um artista mesmo,
só é cabível nessa Zona Autômata Interminável em que o Teatro está mergulhado.
Como ficamos excitados com o surgimento do encenador/salvador do teatro que
reascendeu a função metafórica da arte cênica no século mais que passado. Mas
que engodo! Que ilusão tivemos. Com os Diretores de Teatro apenas conseguimos
perpetuar nossas necessidades de hierarquias e disputas de poder. E com isso
perdemos o Teatro, nos perdemos dele afogando o Ator nas instituições.
A
Arte Teatral não é a arte do Diretor de Teatro, é a Arte do Ator e por isso o Diretor
de Teatro deveria servir a essa Arte e não tentar manipulá-la, disputá-la sagazmente.
A
falácia que existe nos chamados Processos Colaborativos é representativa de tal
manipulação. Há quem queira relacionar os Processos Colaborativos da moda com
as antigas criações coletivas, hippies. Não há nada de coletivo nesses
colaborativos e nada de criativo nesses processos. Há apenas um desrespeito infindável contra o
Arquétipo da Criatividade. As Criações Coletivas dos engraçados anos 60/70
ainda desconheciam, ou queriam desconhecer, os verdadeiros fundamentos autoritários
da Democracia.
Os
Processos Colaborativos reproduzem os mentirosos mecanismos democráticos em que
vivemos e então nosso teatro não colabora em nada para trilharmos os caminhos
sinceramente libertários. O ator que se submete aos Processos Colaborativos,
hoje premiáveis e cooperativáveis, não se sabe como Ator. É dessa ignorância
que está sobrevivendo uma perigosa máquina cultural.
Mais
perigosos dos que detêm o poder do Estado são os que detêm o poder dos meios
culturais, já dizia Artaud. Chamamos de “vanguarda” hoje as produções teatrais do Anti-Teatro. É
melhor assim, pois a eles cabem os rótulos.
Admirável
é o Diretor de Teatro que se coloca como um Tirano, chicoteando seus atores
para correrem atrás de “marcas” e desmoralizando suas esteriotipias que eles
acreditam serem artísticas, pois está realmente realizando seu papel, de
vampiro do caos alheio. Aplaudível é o Diretor de Teatro que recusa a
participação criativa daqueles inertes, ditos atores, que se submetem à miséria
humana coreografada. Presta serviço à Humanidade o Diretor de Teatro que não se
finge generoso, qualidade do Ator, pois reconhece sua função: revelar que até
no teatro estamos ignorantes da nossa Missão.
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