Até hoje nossa noção de saúde só é percebida depois de uma doença, ou seja, pensamos a saúde como ausência de doença e não como um estado de direito que deve ser preservado.
Talvez porque tendemos a considerar a saúde algo que nasce com a gente “de graça”, inerente a nossa existência, e que recebe as interferências da doença ao longo da vida, ou seja, achamos que nascemos saudáveis e assim vamos viver a vida toda, então algumas vezes a doença aparece como pedras num caminho a serem retiradas.
Até poderia ser assim, a saúde ser “de graça”, se vivêssemos totalmente integrados às leis da natureza. As leis da natureza são, simplesmente, processos de auto-regulação e equilíbrio, inerentes a qualquer ser vivo; sendo assim, quando o ser vivo está em conformidade com esses princípios, seu organismo sempre busca uma auto-regulação para qualquer desequilíbrio que possa sofrer no movimento natural da vida, que é inconstante. Temos a ilusão de que a natureza é estável e fixa e que, portanto se estivéssemos perfeitamente integrados a ela nunca nos desequilibraríamos, nunca ficaríamos doentes. Mas a natureza é justamente um movimento constante de mortes e renascimentos, perdas e recuperações, infinitos paradoxos que se auto-regulam. A idéia de equilíbrio não é estática, mas, ao contrario, corresponde a toda essa dinâmica.
O que o desenvolvimento civilizatório e o afastamento das leis da natureza causaram ao ser humano, não foi simplesmente provocar desequilíbrios aos organismos, causar doenças, mas, pior do que isso foi impedir sua auto-regulação.
Com o passar do tempo o ser humano deixou de se dedicar a integração com essa dinâmica sistêmica e focalizou sua preocupação em livrar-se das conseqüências do problema: a doença. Ao invés de recuperar a capacidade de auto-regulação o ser humano entrou numa guerra contra as doenças, que nada mais são do que os sintomas e não as causas da falta de saúde.
E assim, um conceito de medicina foi se impondo, estabelecendo as doenças como vilãs da falta de saúde, e os médicos tornaram-se os guerreiros dessa batalha contra o mal: a exemplo da LUTA contra o câncer..... uma luta, uma verdadeira guerra contra um corpo estranho e ameaçador, que supostamente a ciência não descobre “como” surge, e criou contra ela uma arma tão arrebatadora que quase destrói o próprio corpo que abriga a doença!
Essa perspectiva da medicina nos tornou dependentes, submeteu nossa vida à tecnologia: passamos a depender das descobertas de remédios, aparelhos, vacinas, cirurgias, para continuarmos vivos. Passamos a depender de algo fora do organismo para salvá-lo. As bactérias, os vírus, o mal vem de fora do organismo (mesmo quando vem de dentro como o câncer é considerado alienígena e deve ser extirpado), e as soluções também são externas a todo sistema. No final das contas fica o organismo ali no meio de tudo: de um lado a doença malvada que veio de fora dele para destruí-lo e do outro lado a medicina salvadora, também externa a ele. O organismo mesmo não tem responsabilidade nem pela doença e muito menos pela cura de si mesmo.
A essa altura do desenvolvimento civilizatório, ou seja, comendo comidas vazias de alimento nutritivo, respirando ares cheios de venenos, numa dinâmica de estresse emocional, psicológico e físico, dependentes químicos de tantas drogas para sobreviver, enfim, tão emaranhados que ficamos nesse conceito de vida doente, que se tornou muito difícil sugerir ao nosso organismo que tente se auto-regular, ficou impossível entender o que é SAÚDE. Nossa vida passou a ser um caminho cheio de doenças, com alguns momentos entre uma e outra que chamamos de saúde.
Então somos forçados a tomar atitudes pra não ficarmos doentes: exercícios físicos, comidas sem colesterol, alimentos integrais, sucos milagrosos, cápsulas de todos os tipos, complexos vitamínicos, até amarrar um pedaço do estomago amarramos para não adoecer, nos mutilando o tempo todo.
Porém nem todo desenvolvimento civilizatório seguiu o mesmo rumo. Todas as culturas que preservaram ou recuperaram fundamentos alquímicos na sua medicina, desenvolveram o que hoje conhecemos como SAÚDE PREVENTIVA.
A medicina chinesa, a medicina ayurvédica, a medicina indígena, a medicina popular, a homeopatia, os diversos tipos de massagens, fitoterapias, etc, são exemplos de terapias que preservaram seus fundamentos na saúde e não na doença.
Esse conhecimento tem ganhado terreno por um simples motivo: a medicina tradicional entrou em colapso; por um lado porque transformando a doença em vilã tornou a saúde o produto mais caro do mercado, e por outro lado porque tendo seu fundamento contrário às leis da natureza, acabaria se enforcando na própria corda da dependência química/tecnológica.
A saúde, que era "de graça", tornou-se um problema econômico significativo: é fato que o sistema de saúde pública não tem conseguido corresponder à demanda das populações que tem sido atacadas por epidemias não só viróticas e bacterianas, mas também psicossomáticas; epidemias de câncer, de diabetes, obesidades, síndromes de pânico, depressões, alzheimers, etc.... E os sistemas de saúde privados tornaram-se economicamente inacessíveis, causando colapsos inclusive nos seguros e planos de saúde.
Ainda com a mudança de perfil das sociedades aumentando avassaladoramente a quantidade de indivíduos acima dos 60 anos, o aumento das populações infantis com as quedas nas taxas de mortalidade específica, a sobrevida de pacientes de diversos tipos de doenças que eram antes terminais (como aidéticos por exemplo), enfim, a questão do sistema de saúde tornou-se muito mais complexa e exigiu uma reestruturação.
Essa reestruturação acabou nos fazendo refletir da necessidade de evitar a doença e não apenas tratá-la. A partir de então a discussão sobre os sistemas de prevenção virou pauta principal.
Hoje estamos assim, em meio a um sistema de saúde colapsado, mas que ainda garante muita atividade econômica, com uma indústria farmacêutica poderosíssima que luta para manter o monopólio.
Como diz Sonia Hirsh: A SAÚDE É SUBVERSIVA PORQUE NÃO DÁ LUCRO A NINGUÉM.
A SAÚDE PREVENTIVA, ou apenas, SAÚDE, é a capacidade do organismo de se auto-regular. Para tanto é necessário tirar o organismo do lugar de passividade e inatividade em que foi colocado pelo sistema de saúde, ou sistema de doença, predatório.
Para ter SAÚDE é necessário assumir a responsabilidade sobre o organismo e restabelecer as condições para sua auto-regulação. O individuo não pode mais excluir-se da responsabilidade sobre a doença, e deve entendê-la como um sintoma do qual a causa deve ser localizada, o desequilíbrio identificado.
Assim como, pode se responsabilizar pela cura, que não está na recusa do profissional de medicina ou no medicamento, mas em participar pro-ativamente do processo curativo em parceria com o profissional habilitado para o procedimento.
Saúde é um direito. Não dado pelo Governo da Terra, mas um direito dado pelo Governo do Universo!!
Saúde é um direito. Não dado pelo Governo da Terra, mas um direito dado pelo Governo do Universo!!
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