Sou
de um tempo em que toda a informação sobre os acontecimentos fora da minha
casa, escola, trabalho e proximidades, vinha da TV e dos jornais, as
comunicações de massa.
Sou
de um tempo em que as notícias vindas dos meios de comunicações eram
assimiladas como verdades. FATOS REAIS.
Muita
coisa mudou. Einstein me jogou num tempo que era também espaço e flutuando
comecei a me dar conta do movimento constante das coisas e logo Shiva assumiu meu
altar. Tudo é movimento, fluxo constante.
Além
da relatividade sobre a verdade, que me parecia tão bem empacotada e segura, o
mundo deixou de ser um quadro bidimensional: comecei a aprender que em toda
realidade havia camadas dela mesma; tanto no sentido metafísico, quanto no
quântico, mas ainda além nas relações humanas. Comecei a aprender que por
detrás das atitudes explicitadas das pessoas, haviam atitudes não reveladas. E
que o PODER, é desejável não apenas por alguns, mas por todos os seres humanos
em diferentes escalas. Temos uma incontrolável necessidade de controlar os
outros e a nós mesmos; de controlar esse fluxo constante que é o Universo. E
dessa angústia por portos seguros, inflamos essa ambição por poderes, cada um a
seu modo, cada um na sua instância.
Agora
sou de um tempo novo e muito diferente daquele que eu achava pertencer. Todas
as referências estão mudando e muito rapidamente, pois até a noção de tempo não
é a mesma.
Então,
toda a confiança depositada fora de mim, nos poderes, nas informações que
recebia daqueles que pareciam conhecer as verdades dos fatos mais do que eu,
começou a se relativizar. Comecei a perceber que uma verdade sobre os fatos que
nem eu mesma presenciei, brotavam de dentro de mim, meu poder. Comecei a
perceber que quanto mais eu despertava uma “capacidade” de relacionar
experiências, mais conhecimentos profundos brotavam de mim, mais eu percebia a
realidade externa com uma amplitude além daquela oferecida por quem conhecia os
fatos melhor do que eu.
Isso
passou a me fortalecer obviamente, pois percebi que eu era realmente fonte de
verdades; comecei a entender o que era a “iluminação” tão invejada nos budas.
Não mais um estado extra-real, um Nirvana fora do mundo; não um estado sem
paradoxos, sem contradições de bem sem mal, de paz sem guerra. A iluminação
pareceu-me apenas essa possibilidade de apreender a realidade COM e ATRAVÉS DE
seus paradoxos. Permanecer em meditação no Himalaia de mim mesma, enquanto me
movimento na violência das paixões, sem eliminá-las. E dessa forma posso ver o
mundo ao meu redor em todas suas camadas, e relações, e resistências.
Passei
a conhecer meus poderes. Da coragem de acreditar em mim mesma passei a olhar os
mestres com os olhos que olho para mim, ou olhar para mim com os mesmos olhos
que olho os mestres. E ficou mais fácil olhar os donos do mundo, os donos das
filosofias, os donos das descobertas, os donos disso e daquilo, do mesmo lugar
de onde me vejo. Conhecer nossas diferenças, mas reconhecer nossas semelhanças.
Percebi que nem todos os mestres eram mestres, que nem todos os donos do mundo
eram donos do mundo, que nem tudo em mim era eu.
Nesse
tempo de hoje sabemos que a informação, a notícia e até mesmo o conhecimento
que nos ensinam nas escolas, são escolhas, discursos intencionados. Não inúteis
por completo, mas parcialidades.
Nesse
tempo de hoje o compartilhamento crescentemente veloz da informação, do
conhecimento, da noticia, nos colocou sob a mesma responsabilidade de escolha.
Hoje,
em minha página de facebook, de uns mil acessos, ou no meu blog, tenho a mesma
responsabilidade de transmitir informações e recebê-las que tinha os donos dos
meios de comunicação.
Hoje
sou o jornal e a televisão. Embora o alcance imediato não seja de massa, já
está comprovado que a rede social ou blog, acessa mais gente do que qualquer
outro meio. Os limites entre nações que aprisionam jornais e televisões são
invadidos pela internet e redes sociais. Tenho amigos em Israel, Cuba ou entre
os índios kayapo, sem a barreira das línguas, podendo trocar até imagens da
minha intimidade!
Hoje
ninguém mais acredita nos jornais e revistas, tão desmoralizados com a
exposição de suas escolhas. Hoje podemos
nos movimentar pela internet e ler diferentes opiniões, reflexões, participar
de discussões e juntos criar a realidade.
Hoje
prefiro ler as “noticias” do mundo pelo facebook do que abrir esses portais de
informações que me servem apenas para... informações. Pela rede social, além da
informação, recebo links de reflexões nacionais e internacionais que vem em
formatos não só de textos como de vídeos e fotos. Notícias das ruas
embaralhadas por notícias das pessoas em suas casas, das imagens de suas vidas,
coloridas por obras de artes, poemas, fotos da natureza; informativos de peças,
filmes e eventos, sem ter que engolir propagandas (nem percebo as propagandas
do facebook). Se precisar de um serviço do encanador à compra de uma placa de
vídeo, se está chovendo ou está trânsito...tenho tudo que qualquer meio de
comunicação pode me dar e muito mais porque tenho contato com pessoas!!!
É
preciso dizer que ainda estamos submetidos às estruturas dessas redes que
decidem muita coisa por nós, mas em futuro próximo saberemos operar a internet
diretamente entre nós sem mediadores; saberemos operar a sociedade sem
representantes. A internet não criou um novo conceito de democracia, ela trouxe
e real possibilidade de nos relacionarmos democraticamente, com todas as
vantagens e perigos dessa relação.
Agora sim temos a
chance de nos libertarmos do sistema patriarcal e nos tornarmos adultos de verdade,
com responsabilidade sobre nossos comportamentos e escolhas, com autonomia e
liberdade. É só uma questão de tempo, do novo tempo.
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