sábado, 22 de setembro de 2012

REDES SOCIAIS – os novos jornais


Sou de um tempo em que toda a informação sobre os acontecimentos fora da minha casa, escola, trabalho e proximidades, vinha da TV e dos jornais, as comunicações de massa.

Sou de um tempo em que as notícias vindas dos meios de comunicações eram assimiladas como verdades. FATOS REAIS.

Muita coisa mudou. Einstein me jogou num tempo que era também espaço e flutuando comecei a me dar conta do movimento constante das coisas e logo Shiva assumiu meu altar. Tudo é movimento, fluxo constante.

Além da relatividade sobre a verdade, que me parecia tão bem empacotada e segura, o mundo deixou de ser um quadro bidimensional: comecei a aprender que em toda realidade havia camadas dela mesma; tanto no sentido metafísico, quanto no quântico, mas ainda além nas relações humanas. Comecei a aprender que por detrás das atitudes explicitadas das pessoas, haviam atitudes não reveladas. E que o PODER, é desejável não apenas por alguns, mas por todos os seres humanos em diferentes escalas. Temos uma incontrolável necessidade de controlar os outros e a nós mesmos; de controlar esse fluxo constante que é o Universo. E dessa angústia por portos seguros, inflamos essa ambição por poderes, cada um a seu modo, cada um na sua instância.

Agora sou de um tempo novo e muito diferente daquele que eu achava pertencer. Todas as referências estão mudando e muito rapidamente, pois até a noção de tempo não é a mesma.

Então, toda a confiança depositada fora de mim, nos poderes, nas informações que recebia daqueles que pareciam conhecer as verdades dos fatos mais do que eu, começou a se relativizar. Comecei a perceber que uma verdade sobre os fatos que nem eu mesma presenciei, brotavam de dentro de mim, meu poder. Comecei a perceber que quanto mais eu despertava uma “capacidade” de relacionar experiências, mais conhecimentos profundos brotavam de mim, mais eu percebia a realidade externa com uma amplitude além daquela oferecida por quem conhecia os fatos melhor do que eu.

Isso passou a me fortalecer obviamente, pois percebi que eu era realmente fonte de verdades; comecei a entender o que era a “iluminação” tão invejada nos budas. Não mais um estado extra-real, um Nirvana fora do mundo; não um estado sem paradoxos, sem contradições de bem sem mal, de paz sem guerra. A iluminação pareceu-me apenas essa possibilidade de apreender a realidade COM e ATRAVÉS DE seus paradoxos. Permanecer em meditação no Himalaia de mim mesma, enquanto me movimento na violência das paixões, sem eliminá-las. E dessa forma posso ver o mundo ao meu redor em todas suas camadas, e relações, e resistências.

Passei a conhecer meus poderes. Da coragem de acreditar em mim mesma passei a olhar os mestres com os olhos que olho para mim, ou olhar para mim com os mesmos olhos que olho os mestres. E ficou mais fácil olhar os donos do mundo, os donos das filosofias, os donos das descobertas, os donos disso e daquilo, do mesmo lugar de onde me vejo. Conhecer nossas diferenças, mas reconhecer nossas semelhanças. Percebi que nem todos os mestres eram mestres, que nem todos os donos do mundo eram donos do mundo, que nem tudo em mim era eu.

Nesse tempo de hoje sabemos que a informação, a notícia e até mesmo o conhecimento que nos ensinam nas escolas, são escolhas, discursos intencionados. Não inúteis por completo, mas parcialidades.

Nesse tempo de hoje o compartilhamento crescentemente veloz da informação, do conhecimento, da noticia, nos colocou sob a mesma responsabilidade de escolha.

Hoje, em minha página de facebook, de uns mil acessos, ou no meu blog, tenho a mesma responsabilidade de transmitir informações e recebê-las que tinha os donos dos meios de comunicação.

Hoje sou o jornal e a televisão. Embora o alcance imediato não seja de massa, já está comprovado que a rede social ou blog, acessa mais gente do que qualquer outro meio. Os limites entre nações que aprisionam jornais e televisões são invadidos pela internet e redes sociais. Tenho amigos em Israel, Cuba ou entre os índios kayapo, sem a barreira das línguas, podendo trocar até imagens da minha intimidade!

Hoje ninguém mais acredita nos jornais e revistas, tão desmoralizados com a exposição de suas escolhas. Hoje podemos nos movimentar pela internet e ler diferentes opiniões, reflexões, participar de discussões e juntos criar a realidade.

Hoje prefiro ler as “noticias” do mundo pelo facebook do que abrir esses portais de informações que me servem apenas para... informações. Pela rede social, além da informação, recebo links de reflexões nacionais e internacionais que vem em formatos não só de textos como de vídeos e fotos. Notícias das ruas embaralhadas por notícias das pessoas em suas casas, das imagens de suas vidas, coloridas por obras de artes, poemas, fotos da natureza; informativos de peças, filmes e eventos, sem ter que engolir propagandas (nem percebo as propagandas do facebook). Se precisar de um serviço do encanador à compra de uma placa de vídeo, se está chovendo ou está trânsito...tenho tudo que qualquer meio de comunicação pode me dar e muito mais porque tenho contato com pessoas!!!

É preciso dizer que ainda estamos submetidos às estruturas dessas redes que decidem muita coisa por nós, mas em futuro próximo saberemos operar a internet diretamente entre nós sem mediadores; saberemos operar a sociedade sem representantes. A internet não criou um novo conceito de democracia, ela trouxe e real possibilidade de nos relacionarmos democraticamente, com todas as vantagens e perigos dessa relação.

Agora sim temos a chance de nos libertarmos do sistema patriarcal e nos tornarmos adultos de verdade, com responsabilidade sobre nossos comportamentos e escolhas, com autonomia e liberdade. É só uma questão de tempo, do novo tempo.



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