Misteriosos são os caminhos da Política.
Há alguns anos, quando Lula estava prestes a subir a rampa palacial,
seus opositores criaram o terrorismo de que ao assumir a presidência o “comunista”
iria fazer um Reforma Agrária imbatível; e os mais fundamentalistas até
divulgaram à boca pequena que a reforma seria agrária e imobiliária....
Hoje estamos com uma presidenta pró-lulista ou pós-lulista, com
dificuldades para enfrentar a bancada ruralista. Que voltas o mundo dá. E são “voltas
redondas”....
Obviamente os opositores do governo estão aproveitando essa saia justa da
Presidenta (e olha que a Dilma quase não usa saias por causa disso) diante do
Código Florestal para acusá-la de estar com “rabo preso” com os neo
latifundiários. Isso é uma simplificação do problema. Quem compreende um pouco
o jogo político e principalmente raciocina pela lógica da administração pública
moderna sabe que o que tira o sono da Dilma não é distribuir as riquezas dos
ruralistas ou se render ao agro-negócio.
Foi no posicionamento da presidenta em relação a demarcação das terras
indígenas que Dilma deixou bem claro seu dilema, ou melhor, sua preferência
pelas “Minas e Energia”.
Saudades da velha função?
Não. É o dilema do desenvolvimentismo, do crescimento que atormenta
Dilma. A presidenta pretende crescer, expandir o potencial energético do país,
prever um futuro de grande potência; e como seu priminho americano, traz uma
pedra no sapato: a cultura arcaica, indígena. Dilma vive o dilema de AVATAR,
entre destruir o povo da floresta, derrubar a árvore dos espíritos ou produzir
uma ciência do futuro. O Brasil é tecnologia de ponta em várias áreas do estudo
científico, nosso país é promessa de futuro não só na economia, mas em
tecnologias de várias ordens, e para tanto precisa produzir variados tipos de
energia para não depender de ninguém no seu crescimento.
Dilma não está preocupada em fazer cafuné em ninguém, não é mulher pra
isso, mas vive o dilema da pós-modernidade onde os limites da sustentabilidade
geram impedimentos para o crescimento e é necessária uma estratégia de economia
ambiental extremamente moderna e inteligente, e humanista, para conciliar esse
grande impacto sem destruir nosso meio ambiente. Ela está pensando sim no seu povo, no Brasil e num futuro de crescimento que é uma ótima solução para eliminar a miséria interna no país.
A questão dos povos indígenas que vem crescendo violentamente, com o
aumento de sua população, a organização e reivindicação de suas questões,
coloca em cheque as ideologias e escolhas de crescimento. O que tem mais valor
para a humanidade: preservar uma cultura nativa ou expandir os meios
energéticos do país? Que homem pode crescer tecnologicamente destruindo
culturas humanas da terra, arcaicas? Nossa história mostra os resultados desse
erro por um lado, mas o crescimento econômico liberal, desse atual capitalismo
amoral, nos empurra para decisões às vezes bem diferentes das que gostaríamos
de tomar. Estamos rolando dentro de uma grande bola de neve, ou girando com
todos os povos no redemoinho de um maremoto. Cada movimento neste momento é
decisivo. Pensar que o problema da Dilma é político apenas é pensar pequeno e
se fosse assim seria bem mais fácil resolver distribuindo pressões políticas.
Sua decisão é mais ampla de maior alcance.
Eu pessoalmente espero que seu ímpeto de ministra das Minas e Energia
se acalme e seu coração de gente se inflame levando sua escolha para proteção
dos povos da terra. Não concebo e não quero viver num país que se destaca na
economia às custas da miséria como tanto fizeram por aí.
O Ouro não tem valor quando é roubado.
O Ouro tem seu valor quando é conquistado através do trabalho sobre a
matéria, sobre a carne, sobre a terra. É da lama que nasce a lótus.
Fortalecendo nossos índios, nossos povos da terra seremos verdadeiramente
ricos; essas são nossas minas, essa é nossa energia. O resto a gente corre
atrás.
VETA DILMA E DEMARCA AS TERRAS JÁ!!!
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