sábado, 7 de abril de 2012

O NOVO ATEÍSMO

Ateísmo hoje está virando uma atitude inclusiva e sinal de inteligência pelo comportamento crítico bem humorado. O que antes era um estigma daquele que não crê em nada, hoje é o perfil daquele que acredita em todas as possibilidades e não pretende escolher uma, pois sabe que a escolha será em detrimento de outra e a própria idéia de exclusão desagrada.

Não quer dizer com isso que acredita em todos os deuses e que deixou de ser a filosofia do DEUS ESTÁ MORTO, mas assim como a idéia de “deus está morto” não queria dizer “deus não existe”, isto permanece mais explícito do que nunca. Não foi deus que morreu mas a idéia sobre ele tinha um fim em si mesma.

Hoje se afirma como ATEU não apenas aqueles que acham que deus não existe, mas, e principalmente, pessoas que estão assumindo posturas críticas contra o excesso de fanatismo religioso, o excesso de imposição religiosa e o policiamento que os religiosos vem fazendo sobre todos os que praticam outros comportamentos.

O ateísmo hoje se tornou uma atitude mais do que uma tribo que reúne adeptos dos mesmos valores. Não importa tanto no que se acredita ou não, mas está sendo destacada a postura com que se lida com a crença alheia. Os interessados no título de ateus são hoje as pessoas que preferem explicitar as hipocrisias dos discursos religiosos; hipocrisias já tão conhecidas por todos, mas que só alguns sentem-se confortáveis para criticar.

Ser ateu hoje é aquela pessoa que quebrou seus tabus religiosos, não tem medo que um raio caia do céu ou qualquer outro castigo caso questione qualquer ícone de qualquer religião. Não sente medo ao criticar. Nem sente pudor ao utilizar imagens ditas “sagradas” porque entende que o sagrado deve ser acessível a qualquer utilização, que o sagrado não é intocável.

No passado era o ateu aquele radical que fazia questão de impor sua verdade destruindo a verdade alheia, ridicularizando os crentes; hoje tudo se inverteu: é o religioso que se vê obcecado para impor sua verdade, se sente incomodado ao encontrar alguém que se diz diferente daquela verdade e ridiculariza seus diferentes, quando não tenta eliminá-los.

O ateu de hoje é aquela pessoa que perdeu a paciência de ficar discutindo como experimenta ou não a faceta metafísica da vida porque entende que essa faceta não diz respeito a ninguém e não pode ser catalogada em nenhuma religião pré-estabelecida.

Hoje pertencem ao grupo de ateus e agnósticos todos aqueles que não se incluem em nenhuma religião não porque tenham definido algum julgamento sobre o conceito de deus, mas porque tem muito definido seu conceito sobre religião: são contrários a INSTITUIÇÃO religiosa e não necessariamente à metafísica.

Os ateus de hoje, por não estarem submetidos à dogmas ou verdades superiores, sentem-se livres para expressar opiniões, para brincar com qualquer situação sem entenderem isso como desrespeito pois na verdade percebem que estão sendo desrespeitados na sua liberdade.

O conceito de ateu hoje na prática está se confundindo com o laico já que a discussão sobre a existência ou não de deus, que caracteriza o ateísmo, está diluída numa infinidade de versões new age: as categorias conceituais estão tornando tão tênues os limites entre si que hoje é possível criar um lista interminável de possibilidades de comportamento; são tantas as variáveis quantos são as pessoas. Enquanto as religões ainda tentam estabelecer regras gerais para o sentimento metafísico, fora da instituição religiosa desistiu-se de estabelecer tais categorias.

Em torno do conceito de ateísmo ou agnosticismo estão se reunindo pessoas das mais diferentes origens culturais e filosóficas, num movimento que mais parece uma onda contrária a instituição religiosa do que propriamente uma categoria conceitual.

Entre os ateus existe um exercício de respeito à diversidade que nas instituições religiosas está muito difícil de praticar pois a existência de dogmas já é um pressuposto ao preconceito. Sendo assim os agrupamentos espontâneos em torno da idéia anti-religiosa tem sido “espaço” de diálogo contra hipocrisia ideológica, preconceitos em geral, a favor das diferenças e da convivência pacífica.

Parece que num futuro próximo ser ATEU vai ser um comportamento mais democrático do que os que se julgam crentes em alguma verdade.



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