sexta-feira, 30 de março de 2012

Qual é a SUA responsabilidade com a HUMANIDADE?

Diariamente temos visto notícias sobre assassinatos de homossexuais no mundo todo. No Brasil a estatística já ultrapassada é assustadora: 1 a cada 36 horas, morto em conseqüência direta da opção sexual. Somos o país com o maior índice de assassinatos dessa natureza no mundo todo, ou seja,

deixa de ser um problema de comportamento social
para se transformar numa questão de segurança pública

Houve aumento de 113% nos últimos 5 anos. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior que nos EUA. Leia a matéria com as estatísticas.




Há quem denuncie que essas estatísticas estão equivocadas pois estão sendo computadas as mortes de homossexuais em quaisquer circunstâncias, como tráfico, assaltos, prostituição, etc, e não apenas de consequência homofóbica.

É provável que haja uma manipulação desses resultados pois estatística é sempre uma manipulação de dados com fins determinados, mas nesse caso o objetivo não é nem lucro, nem poder, e sim apenas uma reação de defesa de um grupo que vem sendo massacrado explicitamente, tanto física como moralmente, há séculos. Os fins não justificam os meios mas é preciso que as estatísticas sejam de interesse das autoridades e não apenas feitas e reivindicadas pelos próprios grupos de defesa dos LGBTs.

É um problema gravíssimo de defesa do cidadão
e respeito à liberdade
e diversidade,
seja em que proporção for.

Fora do Brasil as estatísticas são ainda mais vagas. Em março, no Iraque, um total de 14 jovens, foram assassinados a tijolos e pedras, no período de 3 semanas. Apesar dos assassinos informarem que o incômodo estava relacionado às roupas emo utilizada pelos jovens, reconheceu-se que um número significativo de homossexuais pertencia ao grupo vitimado. Se estão dispostos a matar por causa de roupas, imagine por causa de condutas.

Na America Latina e Central o número de notícias vem aumentando significativamente, mesmo porque esse tipo de informação depende do grau de organização que os grupos de defesa conseguem efetivar; nos países em que as organizações de defesa do direitos não estiverem amadurecidas com certeza as estatísticas, noticias e proteção serão reduzidas. Vide a situação das mulheres afegãs que só conseguiram alguma pouca ajuda e proteção, quando efetivaram formas de denúncia e comunicação do que estavam vivendo há décadas.

Não tem jeito, quem sofre é que tem que iniciar o processo.

Porém está mais do que na hora de cada um de nós compreender esses fatos de outros pontos de vista. Em geral nos colocamos "à margem" de uma situação quando ela não nos compromete diretamente; olhamos para a violência do outro com indignação, até reclamamos e expressamos nosso repúdio, mas não mudamos nada EM NÓS quando vemos isso.

Tem gente que até concorda com a violência, outros sentem pena da vitima, outros discutem os motivos sociais, psicológicos e antropológicos por detrás da situação. Mas quem de nós se responsabiliza pelo ato alheio?

Assim como entendemos metaforicamente, cristãos ou não, que Cristo sacrificou-se por todos, devemos entender que esse ato não é unicamente histórico e excepcional. O significado desse gestus social não foi para tornar a pessoa de Cristo única e incomum. Quem a tornou assim foi a Igreja!!

Cristo em verdade, no seu exemplo heróico, e como todo herói, nos mostra o que todos somos: todos contemos DEUS em nós, todos vivemos por todos e cada vida de cada um de nós é um sacrifício que fazemos pela coletividade, na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença e nem a morte nos separa!

O menino que foi arrastado por ladrões no Rio de Janeiro há anos, não tinha apenas um karma individual que estava pagando, tipo Hitler reincarnado. Isto é má compreensão da lei do karma. Estava ali, um de nós, que espiritualmente, na consciência superior, aceitou o sacrifício (alimentado por motivos "individuais" ou não) de mostrar para nossa sociedade o que estamos fazendo conosco; por quais motivos somos capazes de matar uma criança e de que forma, mostrar nossas sombras, nossas mazelas. Como o tal Jesus de Nazaré aceitou a tortura da crucificação para mostrar o sistema vigente e indignar seu povo, como tantos heróis nossos foram torturados na ditadura de ontem, ou são nossos índios baleados nas brigas pelas terras de hoje. Mais famosos como Gandhi ou menos famosos como um travesti anônimo espancado até a morte.

Não é uma escolha fácil servir a coletividade dessa forma. São com certeza espíritos generosos, nem sempre em dívida, pois situações de violência derrubam as máscaras nas quais vivemos nosso dia a dia: é no traficante atormentado arrastando uma criança até arrancar-lhe a cabeça que refletimos sobre nossa pobreza, nossa impotência, nossa maldade!!

Nossa?

Aí que vem a parte mais difícil: se não estamos nem conseguindo nos solidarizar com a vitima a ponto de atuar socialmente para que a situação não se repita; se quando a violência fica lá do outro lado do planeta, entre forças de guerra que não são da nossa família, nós apenas lamentamos e oramos e desejamos um mundo melhor sem relacionar aquela distante situação com a ira que expressamos no trânsito hoje (dando um exemplo simplório), imagine se vamos conseguir dividir responsabilidade com o agente da violência..........

Mas até que ponto o "agente" também não é um espirito ainda mais iluminado, que aceitou a horrível função de matar seu irmão? 

A mim coube a parte fácil, que é ser crucificado.
A você, a mais difícil, que é ser o traidor.
Você é o mais capaz, o mais forte e o escolhido! 
Jesus para Judas em A ULTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO

Se somos todos UM, todos parte do TODO e até nosso livre arbítrio foi criado pelo Grande Arquiteto, então somos responsáveis por cada um, dentro de nós. Não podemos assumir a responsabilidade pelo gesto ou escolha do outro, no ato, mas podemos sentir que essa escolha está sustentada numa consciência coletiva, numa raiva coletiva, numa violência coletiva que alimentamos diariamente com nosso egoísmo; não só com a ira manifesta, mas muitas vezes com uma crença religiosa excludente, uma ideologia política separatista, um preconceito.

Há uma coletividade, seja ela chamada de consciência, inconsciente, massa, energia, subjetividade.... existe algo que formamos com a colaboração de cada um. Inclusive a felicidade, a afetividade. Uma pessoa que se sente completamente feliz e realizada no seu seio familiar, está amortecida na sua sensibilidade, sua cidadania está infantilizada. Não há como ser pleno isoladamente, nem a Natureza consegue tamanha abstração.

E aqui não estamos falando do bem e do mal pois a dicotomia resulta no preconceito que gera a guerra. Acreditar no bem é criar o mal!! Quando vc se faz exclusivamente bom está obrigando alguém a ser fazer exclusivamente ruim. Uma matemática meio simplória mas útil para nossa "economia".

Ficar brigando por idéias diferentes, religiões diferentes, crenças, times, escolhas, sexualidades, roupas, terras, pessoas.... é a mesma atitude em maior ou menor proporção.

Até quando teremos que repetir que somos responsáveis pelas guerras? Que fazemos todos parte do mesmo sistema, cada um no seu papel e que se mexemos numa ponta balançamos a outra? E que precisamos equacionar isso de uma forma melhor DENTRO de nós mesmos porque tem muita gente se esforçando para fazer o "tal" bem, se esforçando para ser o "tal" bom e está colaborando negativamente com essa massa humana, essa HUMANIDADE que somos hoje.

Antes de apontar, reveja seus próprios valores sempre. E siga a bela máxima:

FAÇA EM VOCÊ A MUDANÇA QUE QUER VER NO OUTRO



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