É A LUTA DOS GUARANI-KAIOWÁ UMA GUERRA PERDIDA?
A questão da distribuição de terras (propriedades)
no país é um emaranhado bem difícil de desembaraçar, e não só no Brasil, pois é
uma crise óbvia na pós-modernidade capitalista (nome bonito hein!!).
De um lado um país no seu momento top, que passou
de devedor para exportador; agora é o Brasil com pinta de super potência
vendendo caninha pra americano ver, quem diria....
Não éramos o país do futuro? Pois o futuro
chegou!!! Somos a galinha dos ovos de ouro!!! Teremos Copa, Olimpíadas, todo
mundo quer vir pra cá, todo mundo quer investir aqui, o paraíso dos recursos
naturais e de coração (e pernas) aberto!!! Um povo simpático que vive em festa,
música de primeira....... axé!!!
Seria uma bela historia se nela não houvesse uma
rede exploratória da terra, completamente atrelada ao poder político, com
direito até a mecanismos de lavagem de dinheiro, e todas as maracutaias que
nosso cérebro tupiniquim (que de tupi não tem mais nada!!) é capaz de inventar,
porque brasileiro é um povo beeeeem criativo mesmo!!! Já vinham, os
estrangeiros, nos explorando desde sempre: tem planta encontrada na Amazônia
que foi catalogada por japonês como descoberta medicinal deles.....
Ao invés de nos libertamos dessa exploração das
nossas riquezas e distribuir entre nós nossos ganhos, resolvemos nos auto
explorar; os que estão no poder, é claro.
O livro “O partido da Terra”, de Alceu Castilho nos
entristece com tanta verdade; chega a ser um catálogo de falta de caráter pior
que o enlouquecedor “Privataria Tucana”. Na nossa ingenuidade pós ditadura nos
fizeram acreditar que a causa da nossa desgraça era a superpotência americana,
que já superamos; depois nos ensinaram a ter raiva dos industriais exploradores
de mão de obra e recursos naturais, poluidores, devastadores, exploradores....
mas de fato, atualmente, os exploradores, poluidores e devastadores do nosso
país são também os próprios brasileiros; mais do que isso: nossos politicos!!!
São nossos legisladores que criam as leis que protegem seus próprios bens,
nossos governos criando incentivos para suas próprias produções agrícolas.
Agora podemos entender que o governo de oposição que tanto prometeu a reforma
agrária, deixou de fazê-la não para tentar soluções menos radicais na sua governança,
mas porque não é de seu interesse uma vez que é dono de boa parte das
terras.... dá pra entender agora toda a questão da Petrobrás.... toda dificuldade
do governo em resolver o Código Florestal, Belo Monte, etc....
Tá dominado, tá tudo dominado!!!
E do outro lado dessa corda estão etnias perdidas
na pós-modernidade: querem manter a cultura, mas já estão
"desculturalizados", conversam com árvores e com celulares, usam
cocares com calça jeans... não deve ser nada fácil preservar aspectos arcaicos
e sagrados nos fins dos tempos..... tantos se perderam nesses limites que os
jovens, sim os jovens, vem se matando, o que seria compreensível entre os mais
antigos; não é o medo de perder a cultura, mas é a dificuldade de vislumbrar o
futuro.....
Todos precisamos repensar essa convivência.
O que é um índio em 2012???
Temos visto, na imensa diversidade indígena do
nosso país, diferentes soluções para essa reestruturação que a cultura da terra
deve passar nesses tempos de agora. Alguns não se esquivaram em adquirir bens
de consumo, com carros, celulares, computadores, roupas, cobram pedágios nas
estradas que cortam suas reservas, consomem drogas, comidas e bebidas de
branco. Bobagem dizer que o alcoolismo está afetando nossos índios agora pois
nos relatos do tempo do Império já se debatia essa questão. O índio sempre demonstrou
curiosidade no conhecimento de nossa cultura, o que revela inteligência. Lidam
com tecnologia sem maiores problemas.
Jogados em reservas inadequadas para sua
sobrevivência, são obrigados a ganhar dinheiro para pagar a comida: viram
pedreiros, pintores, ou escravos do plantio. Subempregos que perfazem a mesma
trajetória dos negros quando foram libertos. Libertos do que, se jogados na
miséria? Velha discussão, porém atual situação.
Talvez alguns consigam vislumbrar uma hibridização
cultural que não destrua elementos essenciais da sua cosmologia, da sua “estrutura
psicoafetiva”, talvez. Mas vários estão embaralhados nesse processo e muito por
causa da violência com que a civilização se impõe a eles.
O processo civilizatório é devastador em qualquer
ser humano: o que passa um índio nessa adaptação é o que cada branco vive ao
nascer, obrigado a formatação de comportamentos contra sua natureza humana. E
daí todas as nossas neuroses, doenças físicas, psíquicas e espirituais. Já
sabemos disso. Mas alguns povos, nessa gama gigantesca que é a humanidade,
escolheram por preservar a relação essencial com a natureza, manter sua psique
num estágio mais simbólico (se posso reduzir nessa palavra), preservar culturas
contrárias à devastação causada pela racionalidade e pela civilização.
Escolhas.
Escolhas?
Nosso capitalismo não se restringe à parte, ele
quer o todo. Ele pretende submeter não só todos os povos do planeta, mas todos
os povos dos sistemas (talvez por isso ET não dá as caras por aqui!!!). Nossa
total incapacidade de lidar com a potência que somos, com a infinitude que
sentimos, nossa grandeza divina, nos leva a processos megalomaníacos: sentimos
nossa potência e nos iludimos com nosso poder!!!
O ser humano é um só. Seja índio ou branco,
civilizado ou não, estamos todos perdidos. Não sabemos mais onde estão os
limites, vivemos em guerra o tempo todo, com tudo. Ou porque tem Deus ou porque
não tem, ou porque tem terra ou porque não tem, ou porque pensa ou porque não
pensa... Apenas MEDO. Medo de reconhecer sua força de brilhar e ser livre.
Os episódios da guerra contra os índios, que há
anos são lamentáveis, com criminosos nunca responsabilizados, devem ser
combatidos com toda a força que a nação puder concentrar. Lutar pelos direitos
desses índios é lutar por nossa democracia, é lutar pelos direitos humanos, por
nossa constituição, é lutar por cada um de nós.
Muitos não percebem a relação entre a causa
indígena e suas vidas civilizadas e, pelo contrário, acham que os índios são um
estorvo, são vagabundos, porque não produzem, não pagam impostos. Muitas
pessoas, cidadãos sem cargos de poder, e que lutam todos os dias para sustentar
suas vidas simples, veem nos índios uma afronta à sua batalha diária, ao seu
esforço para sobreviver. É compreensível porque estas pessoas estão em
condições ainda piores que os índios, pois além de serem igualmente exploradas,
estão ainda desacreditadas da sua própria natureza interna, perderam a
capacidade de sentir essa integração entre todos os seres da terra e perceber
que a violência contra um é a violência contra todos.
Não são apenas os índios guarani-kaiowá que estão
sofrendo no nosso país, as mesmas violências e desumanidades. Não, não são.
Todos os que sofrem preconceitos raciais e sociais vivem situações basicamente
semelhantes. Mas esses 170 índios que gritaram por suas vidas, que manifestaram
extrema força na sua fragilidade máxima, inspiraram uma corrente de vitalidade
que há muito não unia tantas pessoas pelo Brasil. A vontade de que sobrevivam
nesse fim do mundo, que sejam salvos, que recebam o que merecem, que tenham paz
e dignidade, que sejam ouvidos... são todas vontades que temos sobre nossas
próprias vidas esvaziadas, esfomeadas, desterradas..... precisamos salvar esses
índios, e todos os índios, e os humilhados e excluídos, para que tenhamos um
mínimo de motivos para buscar o que perdemos a muito tempo: O AMOR PRÓPRIO!!!
PARTICIPE DOS MOVIMENTOS NO FACEBOOK:
EVENTO "Sobre os nossos parentes guarani kaiowás":
GRUPO DE DISCUSSÃO-ATO NACIONAL EM APOIO AOS GUARANI KAIOWÁS:
Em quase todos os Estados e em muitas cidades do país estão sendo organizadas passeatas em apoio à causa: informe-se pelo facebook a data, horário e ponto de encontro decididos em sua cidade. E caso ainda não tenha uma passeata programada, dê inicio à programação de uma pois esse movimento é nacional mas descentralizado e espontâneo.
EM SÃO PAULO:
DIA 09 DE NOVEMBRO
ÀS 17 HORAS
EM FRENTE AO MASP
NA AV. PAULISTA
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