domingo, 8 de abril de 2012

HOMO VAZIENS

Estamos numa literal guerra de imbecilidades. Este é um estágio perigoso para humanidade, pois como um equilibrista da corda-bamba, o excesso leva à tragédia. E de excessos estamos vivendo nesse fim de mundo; deve ser isso o que se prenunciou como APOCALIPSE.

Excesso de arrogância,
excesso de violência,
excesso de ignorância,
excesso de argumentos e justificativas,
excesso de ideologias,
excesso de crenças,

E quando muito se come logo se vomita.

Essa era a idéia de "fim da humanidade", quando perderíamos todos os limites, todos os valores, todos os sentidos.

São muitas as guerras, mas o cabo de força que parece mais inquietar é a velha e infindável pergunta: deus existe?

Por detrás de todos os conflitos políticos, na disputa de poder (eu sou deus), nas disputas de propriedades (deus me deu), nas dependências (deus me esqueceu), nas intolerâncias (deus é meu), nos desentendimentos (deus me escolheu).... em tudo está o mesmo embate que nos faz HUMANOS: onde está deus? Dentro? Fora? Morto? No Livro? No coração? Na idéia? Na dúvida? Na natureza? Na rua? Lá em casa????

Já tentamos de tudo (e continuamos) e cada tentativa nos separa, nos des-une.

Homo Sapiens? Não, homo perdidens, homo burricens, homo vaziens.

Estamos nos comprimindo entre paredes esmagadoras que nós mesmos criamos, como aquelas cenas emocionantes do velho batman: paredes de ferro lentamente se aproximando e nosso herói aproveitando o apoio gerado pela proximidade começa a escalar, para cima a única saída...... mas no último momento as paredes param.

E como vamos fazer essas paredes parar???

De um lado o fundamentalismo religioso crescendo em todos os sentidos: em volume, em alcance, em poder, em violência, em esvaziamento. Esses grupos não querem nenhum tipo de diálogo, nem mesmo entre si; a conversa que desenvolvem é apenas afirmativa: um expressa o dogma, e todos os outros apenas prestam continência. Não há reflexão, não há a dúvida e, aliás, eliminar a dúvida crêem como prova de ter encontrado a verdade, a única resposta. E para justificar a afirmação arma-se um discurso incoerente, mas estruturado (de forma fragmentada para não explicitar as incoerências) e justificado no livro sagrado. As incoerências são tantas que permitiram a criação de inúmeras diferentes crenças, pois se existisse uma verdade, seria imbatível.

Do outro lado o fundamentalismo anti-religioso que só cresce no último quesito: em esvaziamento. Os chamados neo-ateus ou qualquer coisa que o valha estão pautados na mesma radicalidade usando as mesmas armas: quando não giram em redundâncias afirmativas, lutam ferozmente entre si. Pautados num tom agressivo, já que se entendem por rebeldes, tratam com desprezo e escárnio o diferente, (o religioso).

No comportamento são todos iguais: fundamentalistas. Desprezam a diferença, intolerantes, arrogantes e impositivos. Idênticos que se pretendem diferentes.

Não que isso tenha sido de outra forma na história da humanidade, mas hoje as discussões esvaziadas de sentido tomam conta das nossas ágoras, sem lógicas, sem ideologias, sem coerências, num tempo onde todos são filósofos e o conhecimento se diluiu na multiculturalidade virtual.

Tudo tem seus dois lados, as vantagens e as desvantagens, as perdas e ganhos..... Independente da quantidade de lados e esquecendo a necessidade de decidir por algum, o contexto é este.

Deus está morto e enterrado para uns e absolutamente vivo e ressuscitado para outros, e em seu nome, morto ou vivo, a intolerância prevalece. Isso é que é o poder que ele tem, ou que demos a ele!!!

E nosso problema não está no pobre coitado, mas no que fizemos dele.

Por que não podemos deixar para cada um sua escolha sem que ninguém fique sabendo? Ou se ficar, que seja no diálogo da reflexão.

Por que essa necessidade de pensar todo mundo igual?

Medo de ficar sozinho? É a solidão, o medo dela, que impulsiona essa vontade de impor sua verdade?

Medo do vazio,
de não ter pensamentos,
não ter certezas,
não saber,
ser nada,
não ter valor,
e então, não ter amor....

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