quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TEATRO DE CURA - Parateatro n.1


Artaud, Antonin, foi talvez o último visionário das questões relativas ao Teatro. Pelo menos o último reconhecido e respeitado (o que já é um crédito significativo para um visionário).

Na sua suposta doença-loucura prenunciou uma não-suposta doença-loucura devorando a Cultura, relíquia da humanidade. No papel, imposto, de doente, Artaud reclamou a Cura; devolveu aos seus inquisidores, a sociedade, o mesmo rótulo, bárbaro. Artaud foi aquele que sob o diagnóstico de doente mental trouxe à luz uma sabedoria a respeito do Teatro que ainda não fomos insanos o suficiente para exercitá-la.

Poucos entre nós, seres comuns, discordam desse diagnóstico dado à sociedade: infectada, carregada de tumores, esquizofrênica. Mas quase nenhum de nós aceita a responsabilidade sobre as causas de tanta doença. Só um entre nós, Artaud, nomeadamente compreendeu que a Doença Humana, que o vírus, o tumor ou a esquizofrenia, são perpetuados pela Cultura, que nós perpetuamos.

A Cultura, se não é o remédio, torna-se o próprio mal, porque toda doença é sempre de ordem espiritual. A Cultura é o único bem humano eterno. O único bem que nunca é propriedade. O único fruto imperecível da humanidade.

Curar o ser, os seres, é medicar sua Cultura. É experimentar o próprio futuro. Uma cura espiritual.

Dessa medicina trata a Arte!

De tantas estatísticas sobre quantas curas a ciência computou, nenhuma especifica quantos tumores deixaram de progredir, ou psiques deixaram de cindir por causa da Arte: homeopática, holística, gestáltica, profunda.

Porque a cura espiritual - expansão da Consciência - não é quantitativa, transformando a qualidade do Ser; e doença é a má-qualidade de vida.

Na sociedade tiranizada pela Ciência o artista produz entretenimento.

Na sociedade fragilizada pela Doença o artista é curandeiro.

É a função de Cura Espiritual que retorna às mãos do Artista, já que os médicos estão à base de morfina!!!

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